quarta-feira, 23 de julho de 2025

Escritor em Foco - Entrevista Mariana Ferreira - Lançamento " Que cheiro tem a casa da Vovó "


"Acredito que todas as histórias de vida são importantes e merecem ser contadas. Todo mundo deveria ter um diário — para registrar o que foi, o que está sendo e o que ainda será. Escrever é uma forma de guardar memórias para o futuro e de transformar o vivido em algo que possa tocar outras pessoas." Mariana Ferreira 


O cheiro do café coado pela manhã, da terra molhada depois da chuva, do bolo assando no forno — aromas que atravessam o tempo e nos levam de volta aos braços da infância. Em seu Novo Lançamento o livro "Que cheiro tem a casa da Vovó", a autora Mariana Ferreira nos conduz por um caminho delicado, onde cada palavra é uma janela para o pretérito, um abraço silencioso e uma homenagem ao passado. 

Mariana é Bacharel em Bibliotecononia e Ciência da Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e  também formada em Pedagoga pel UNIVESP, e nesta entrevista, mergulhamos com ela em um universo feito de lembranças, sentimentos e raízes. 

Prepare-se para sentir o perfume das histórias que moram dentro da alma.


Julho de 2025
Por Deise do Vale
 


 1. Mariana, o título do seu livro é bastante sensorial e afetivo. O que te inspirou a escolher o nome “Que cheiro tem a casa da Vovó”?


Escolhi esse título porque sou uma pessoa muito sensorial — gosto muito de aromas, de cheiros. Uma das lembranças mais marcantes que tenho da casa da minha avó é o cheiro de fumo. Hoje quase não se usa mais, mas quando eu era criança, ela recebia a visita de uma irmã que vinha da Bahia e tinha o hábito de usar cachimbo. A casa inteira ficava impregnada com aquele cheiro, e isso me remete imediatamente a uma memória afetiva da infância.


2. O livro tem um tom nostálgico e delicado. Você se inspirou em memórias pessoais para compor a narrativa?


Sim, usei minha própria história como base. Eu queria escrever sobre plantas e pensei em como poderia conectar essa temática da natureza com os meus avós. A partir disso, nasceu o livro — que, embora não tenha saído exatamente como planejei, ficou muito bonito e verdadeiro.


3. Como foi o processo de escrita dessa obra? Houve algum momento marcante durante sua criação?


Foi um processo muito fluido. O texto saiu de uma vez só, naturalmente. Depois, fiz apenas alguns ajustes para adaptar ao público infantil — troquei algumas palavras, reestruturei trechos —, mas a essência veio de forma espontânea, quase como se já estivesse pronta dentro de mim.


Lançamento do livro "Que cheiro tem a casa da Vovó "


4. A obra parece resgatar sensações da infância. Qual é a importância da memória afetiva para você enquanto escritora?


É fundamental. Eu escrevo a partir do que vivo, sinto, observo. Por isso, em algum momento, era natural que eu escrevesse sobre memórias — sejam elas afetivas ou até dolorosas. Acredito que minha escrita sempre parte desse lugar: das experiências vividas ou sentidas.


5. Você acredita que esse livro pode dialogar com diferentes gerações? Qual público você tinha em mente ao escrevê-lo?


Inicialmente, escrevi pensando nas crianças, no público infantojuvenil. Mas, depois que o livro ficou pronto, percebi que quem mais se emocionou com a leitura foi o público adulto. Muitos adultos se reconhecem nas memórias evocadas, especialmente nas lembranças com os avós. Então, sim — acho que o livro estabelece uma ponte bonita entre gerações.


6. Quais elementos da figura da avó você mais quis preservar ou homenagear no livro?


Claro que há uma homenagem direta, mas também quis destacar a ancestralidade. Mostrar quem foram os meus avós — pelo menos a partir do meu olhar — é uma forma de apresentá-los aos meus filhos e de manter viva a memória dessas pessoas tão importantes. Acredito que todos nós precisamos contar, registrar e celebrar quem veio antes de nós e abriu caminhos.


7. Como você espera que os leitores se sintam ao ler “Que cheiro tem a casa da Vovó”?


Espero que se sintam acolhidos e que resgatem memórias boas da infância — com seus avós ou com qualquer pessoa que tenha cuidado deles de forma amorosa: uma tia, uma madrinha, uma vizinha querida. Que o livro desperte essas lembranças com ternura e afeto.


8. Este é seu primeiro livro ou já tem outras publicações? Pode contar um pouco sobre sua trajetória literária para que possamos te conhecer melhor?


Esse é o meu segundo livro. O primeiro se chama Uni’Verso em Diário, onde compartilho meu diário de 2017. Nele, falo do meu cotidiano e de algumas vivências pessoais. Além dos livros, tenho textos publicados em coletâneas e na revista digital Mães que Escrevem. Sempre escrevo sobre minhas experiências, sentimentos e percepções do mundo ao meu redor.


9. Como é sua rotina de escrita? Você tem costumes ou hábitos específicos?


Não tenho uma rotina rígida. Escrevo quando sinto necessidade. Às vezes é no papel, às vezes no digital. Mantenho o hábito de escrever diários, mesmo que com menos frequência, e também crio textos soltos — alguns compartilho, outros guardo para um momento mais oportuno.


10. Que autores ou obras influenciam seu trabalho literário?


Gosto muito de escritoras que escrevem sobre suas vivências, como Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus e Sandra Santos — que também é minha parceira na Academia de Letras. Admiro muito o Sacolinha, autor aqui do Alto Tietê, que narra com muita sensibilidade a vida cotidiana. E, claro, não posso deixar de citar Chimamanda Ngozi Adichie, que me inspira com sua escrita potente e pessoal.


11. E para encerrar: que conselhos você daria para quem deseja transformar suas memórias em literatura?


Acredito que todas as histórias de vida são importantes e merecem ser contadas. Todo mundo deveria ter um diário — para registrar o que foi, o que está sendo e o que ainda será. Escrever é uma forma de guardar memórias para o futuro e de transformar o vivido em algo que possa tocar outras pessoas.





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