"Acredito que todas as histórias de vida são importantes e merecem ser contadas. Todo mundo deveria ter um diário — para registrar o que foi, o que está sendo e o que ainda será. Escrever é uma forma de guardar memórias para o futuro e de transformar o vivido em algo que possa tocar outras pessoas." Mariana Ferreira
O cheiro do café coado pela manhã, da terra molhada depois da chuva, do bolo assando no forno — aromas que atravessam o tempo e nos levam de volta aos braços da infância. Em seu Novo Lançamento o livro "Que cheiro tem a casa da Vovó", a autora Mariana Ferreira nos conduz por um caminho delicado, onde cada palavra é uma janela para o pretérito, um abraço silencioso e uma homenagem ao passado.
Mariana é Bacharel em Bibliotecononia e Ciência da Informação pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e também formada em Pedagoga pel UNIVESP, e nesta entrevista, mergulhamos com ela em um universo feito de lembranças, sentimentos e raízes.
Prepare-se para sentir o perfume das histórias que moram dentro da alma.
Por Deise do Vale
1. Mariana, o título do seu livro é bastante sensorial e afetivo. O que te inspirou a escolher o nome “Que cheiro tem a casa da Vovó”?
Escolhi esse título porque sou uma pessoa muito sensorial — gosto muito de aromas, de cheiros. Uma das lembranças mais marcantes que tenho da casa da minha avó é o cheiro de fumo. Hoje quase não se usa mais, mas quando eu era criança, ela recebia a visita de uma irmã que vinha da Bahia e tinha o hábito de usar cachimbo. A casa inteira ficava impregnada com aquele cheiro, e isso me remete imediatamente a uma memória afetiva da infância.
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2. O livro tem um tom nostálgico e delicado. Você se inspirou em memórias pessoais para compor a narrativa?
Sim, usei minha própria história como base. Eu queria escrever sobre plantas e pensei em como poderia conectar essa temática da natureza com os meus avós. A partir disso, nasceu o livro — que, embora não tenha saído exatamente como planejei, ficou muito bonito e verdadeiro.
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3. Como foi o processo de escrita dessa obra? Houve algum momento marcante durante sua criação?
Foi um processo muito fluido. O texto saiu de uma vez só, naturalmente. Depois, fiz apenas alguns ajustes para adaptar ao público infantil — troquei algumas palavras, reestruturei trechos —, mas a essência veio de forma espontânea, quase como se já estivesse pronta dentro de mim.
Lançamento do livro "Que cheiro tem a casa da Vovó "
4. A obra parece resgatar sensações da infância. Qual é a importância da memória afetiva para você enquanto escritora?
É fundamental. Eu escrevo a partir do que vivo, sinto, observo. Por isso, em algum momento, era natural que eu escrevesse sobre memórias — sejam elas afetivas ou até dolorosas. Acredito que minha escrita sempre parte desse lugar: das experiências vividas ou sentidas.
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5. Você acredita que esse livro pode dialogar com diferentes gerações? Qual público você tinha em mente ao escrevê-lo?
Inicialmente, escrevi pensando nas crianças, no público infantojuvenil. Mas, depois que o livro ficou pronto, percebi que quem mais se emocionou com a leitura foi o público adulto. Muitos adultos se reconhecem nas memórias evocadas, especialmente nas lembranças com os avós. Então, sim — acho que o livro estabelece uma ponte bonita entre gerações.
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6. Quais elementos da figura da avó você mais quis preservar ou homenagear no livro?
Claro que há uma homenagem direta, mas também quis destacar a ancestralidade. Mostrar quem foram os meus avós — pelo menos a partir do meu olhar — é uma forma de apresentá-los aos meus filhos e de manter viva a memória dessas pessoas tão importantes. Acredito que todos nós precisamos contar, registrar e celebrar quem veio antes de nós e abriu caminhos.
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7. Como você espera que os leitores se sintam ao ler “Que cheiro tem a casa da Vovó”?
Espero que se sintam acolhidos e que resgatem memórias boas da infância — com seus avós ou com qualquer pessoa que tenha cuidado deles de forma amorosa: uma tia, uma madrinha, uma vizinha querida. Que o livro desperte essas lembranças com ternura e afeto.
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8. Este é seu primeiro livro ou já tem outras publicações? Pode contar um pouco sobre sua trajetória literária para que possamos te conhecer melhor?
Esse é o meu segundo livro. O primeiro se chama Uni’Verso em Diário, onde compartilho meu diário de 2017. Nele, falo do meu cotidiano e de algumas vivências pessoais. Além dos livros, tenho textos publicados em coletâneas e na revista digital Mães que Escrevem. Sempre escrevo sobre minhas experiências, sentimentos e percepções do mundo ao meu redor.
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9. Como é sua rotina de escrita? Você tem costumes ou hábitos específicos?
Não tenho uma rotina rígida. Escrevo quando sinto necessidade. Às vezes é no papel, às vezes no digital. Mantenho o hábito de escrever diários, mesmo que com menos frequência, e também crio textos soltos — alguns compartilho, outros guardo para um momento mais oportuno.
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10. Que autores ou obras influenciam seu trabalho literário?
Gosto muito de escritoras que escrevem sobre suas vivências, como Conceição Evaristo, Djamila Ribeiro, Carolina Maria de Jesus e Sandra Santos — que também é minha parceira na Academia de Letras. Admiro muito o Sacolinha, autor aqui do Alto Tietê, que narra com muita sensibilidade a vida cotidiana. E, claro, não posso deixar de citar Chimamanda Ngozi Adichie, que me inspira com sua escrita potente e pessoal.
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11. E para encerrar: que conselhos você daria para quem deseja transformar suas memórias em literatura?
Acredito que todas as histórias de vida são importantes e merecem ser contadas. Todo mundo deveria ter um diário — para registrar o que foi, o que está sendo e o que ainda será. Escrever é uma forma de guardar memórias para o futuro e de transformar o vivido em algo que possa tocar outras pessoas.
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